sábado, 12 de março de 2011

Mais preconceito com os tecnólogos

Vejam vocês como é a vida, semana passada (como pode ser lido aqui) falei sobre a campanha que os Conselhos de Administração estão fazendo contra os tecnólogos da área. Entitulada de “Administrador, diga não”, a campanha serve apenas pra aumentar ainda mais o preconceito contra os cursos de tecnologia. Apesar dessa campanha, o Presidente do Conselho, Pedro Rocha Fiúza, disse ao jornal Diário do Comércio, que em Minas Gerais faltam profissionais registrados na área.

Segundo ele, essa defasagem provoca o fechamento de diversas empresas que teriam potencial, mas que por falta de gestão não conseguem sobreviver por muito tempo. Disse ainda que, a falta de conhecimento da sociedade sobre as atribuições do Administrador e a ausência de alguns pontos importantes na legislação brasileira ainda dificultam um maior desenvolvimento da profissão. Apesar de confessar que o mercado carece desse tipo de mão de obra fez questão de desdenhar dos tecnólogos no final da reportagem.

Fiúza afirmou que, somente com os quatro anos de graduação o estudante da área está preparado para ter uma visão sistêmica de forma a dar equilíbrio a uma organização. Se o sr. Fiúza me dá licença, se isso fosse verdade, não faltariam tantos profissionais e tantas empresas naõ quebrariam com suas brilhantes gestões como ele próprio aponta.

É revoltante ver declarações como essa. Eu moro na capital de Minas Gerais e estou prestes a me graduar na área administrativa e não consegui nem um estágio durante os dois anos de curso. É estranho dizer isso já que o sr. Fiúza afirma haver falta de mão de obra desse tipo, exatamente no mercado em que me encontro. É por atitudes como a desse sr. que o preconceito contra os tecnólogos só aumenta. É por essas declarações que as empresas ficam sempre com um pé atrás pra contratar um tecnólogo.

Pois eu afirmo que me sinto muito preparado pra exercer minha profissão e tenho certeza que eu e meus colegas temos muito mais competência e preparação que diversos alunos de administração, que ficam quatro anos sentados na sala de aula e só por isso acham que sabem mais do que quem ficou dois ou três. Quantos vezes teremos que provar que quantidade não é sinônimo de qualidade? Quantas vezes teremos de brigar por nossos direitos? Os cursos de tecnologia são uma formação acadêmica de nível superior e nós temos todo o direito de ocupar os mesmos postos de trabalho que os bacharéis.

A concorrência por uma vaga não deveria se dar por um pedaço de papel que mostra quanto tempo um ou outro estudou, mas pela competência pessoal de cada um. Porque será que os administradores (vide todos os bacharéis) têm tanto medo de ter sua formação equiparada à dos tecnólogos? Certamente porque sabem que vão perder espaço pelo profissional tecnólogo que está muito mais preparado pra enfrentar o dia-dia de uma  profissão. Se a formação tradicional fosse tão perfeita e proporcionasse tanta base aos alunos como disse o sr. Fiúza, eles não precisariam ficar tão preocupados e receosos com os tecnólogos.

Dito tudo isso, o único sentimento que consigo ter nesse momento é revolta.

4 comentários:

  1. Caro Guilherme,

    Infelizmente o Conselho Federal de Administração (CFA) nos permite o registro em seus Conselhos Regionais (CRA’s), conforme Resolução Normativa CFA 374/2009, no entanto nos tratam com menosprezo, uma vez que não “brigam” para a inclusão de nossa categoria nos concursos públicos para cargos na área administrativa, como o fazem para restrição das vagas administrativas aos bacharéis de Administração, conforme se vê em várias ações judiciais do CFA/CRA. Além disso, criam obstáculos ao nosso ingresso no mercado de trabalho.

    Só que, segundo o próprio Conselho de Classe, “ (...) e por exercerem atividades dos campos da Ciência da Administração (...) tecnólogos [da área de gestão] estão submetidos às prescrições da Lei nº 4.769/65 (...)” [http://craes.org.br/interna/tecnologo.php].

    Nós, tecnólogos, estamos sujeitos à lei que regulamenta a profissão de profissionais da Administração, contudo somente para pagarmos anuidades, para termos restrições no mercado de trabalho e para outras limitações impostas pelo Conselho Federal de Administração. Porém, não temos o mesmo direito de ser representados por “nosso” Conselho [já que somos obrigados ao registro profissional, conforme RN CFA nº 374/2009] assim como os bacharéis em Administração quando seus direitos são tolhidos ou profissionais de outras áreas concorrem a cargos administrativos nos concursos públicos e empresas privadas.

    Estou preparando uma carta ao CFA/CRA onde externarei pontos importantes sobre nosso registro, sobre as restrições impostas pelo Conselho e demais assuntos pertinentes. Isso demanda pesquisa profunda sobre o assunto. Em breve tem novidade no nosso Blog T&E sobre isso.

    Este preconceito vai ter de mudar. Agora, só irá acontecer mudança se nossa categoria de unir.

    Proponho uma campanha em nível nacional. Vamos fazer camisas com a inscrição SOU TECNÓLOGO, SIM! a fim de mostrar a todos que não temos vergonha da nossa categoria.

    MOACIR GARCIA
    Tecnólogo & Educação
    http://tecnologoeeducacao.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  2. SOLICITO CORREÇÃO.

    Onde se lê: SE NOSSA CATEGORIA "DE" UNIR.

    Leia-se: SE NOSSA CATEGORIA "SE" UNIR.

    Obrigado.

    Moacir Garcia

    ResponderExcluir
  3. A gente precisa fazer um movimento nacional, uma passeata, sei lá...

    ResponderExcluir
  4. Concordo plenamente, precisamos mostrar nossa capacidade, e que principalmente podemos concorrer de igual pra igual com os bachareis, ainda acho que estamos muito mais preparados pois os tecnologos lidam muito mais com a pratica do que com a teoria! Acho um absurdo essa dificuldade em arrumar estágio em empresas grandes como fiat, petrobras, vale etc... como tambem em concursos públicos.

    ResponderExcluir