sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Crítica à educação brasileira

Uma reportagem da mundialmente famosa revista britânica The Economist, que foi divulgada nesta quinta, me chamou a atenção. Ela disse que: “o progresso recente meramente elevou o nível das escolas de desastroso para muito ruim”. O progresso mencionado se refere ao 4º Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mediu o nível da educação em 65 países. O Brasil ficou na 53º colocação, tendo obtido 412 pontos em leitura, 386 em matemática e 405 pontos em ciência.(A pior nota sempre fica com matemática, será que é só no Brasil?). Esse desempenho é vinte pontos superior ao atingido anteriormente (2006) quando aconteceu o último teste. 

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que divulga os resultados afirmou que a elevação do resultado mostra lições encorajadoras. Ou seja, uma ou outra escola, em uma ou outra cidade decidem sair do padrão (atrasado) brasileiro de ensino e inovar na sala de aula, os alunos aprendem mais e acabam tirando notas melhores. Não fosse por esses poucos casos a nota brasileira poderia ter continuado a mesma ou então piorado. O CRA/MG (Conselho Regional dos Administradores) ressalta os programas implantados no Rio e São Paulo. No primeiro a falta de professores é combatida através de bônus às escolas que atingem certas metas, no segundo professores que se saem bem em testes ganham um plano de carreira.

Duas observações pessoais: essa história de criar metas e bonificar quem as atinge dá muito certo. Aécio Neves foi pioneiro em fazer isso aqui em Minas Gerais (não na educação especificamente) e as notícias são de ótimos resultados. Todo ser humano precisa de um horizonte à vista, uma meta, algo que o ponha pra frente e o faça fazer as coisas que precisa. É um exemplo a ser seguido em todo país. Quanto à falta de professores em São Paulo, não é exclusividade deles. Digo por experiência prórpia, estudei todo o primeiro e segundo graus em escola pública e apesar de ser considerada uma das melhores de Belo Horizonte e do estado, por várias vezes ficava sem aula. Na grande maioria das vezes o professor existia sim, mas tirava licença. Sei que isso vai criar polêmica e muitos podem não concordar, mas professor de escola pública tem benefícios que nunca vi nenhum outro ter. Qualquer dor de estômago eles podem tirar dias a fio de licença. E professor estressado? Quantas vezes não ouvi essa história? O professor não vem porque está com blá blá blá emocioanal. Não estou dizendo que é fácil dar aulas (ainda mais em escola pública que nem recursos tem), mas é muita mordomia, com o perdão da palavra. Nunca tinha experimentado uma realidade diferente da escola pública, só agora que fui pra faculdade (sim, porque quem pode pagar está na federal!) pude perceber a diferença, como a razão capitalista é imperiosa! Aqui, ai do professor que faltar ou for aquém no seu desempenho, os alunos reclamam, questionam, exigem seus direitos, afinal, estão pagando e o professor pode ser demitido. Professor de escola pública é demitido?

E a reportagem corrobora com o que estou falando ao afirmar que exceto em poucos locais, professores podem faltar em 40 dos 200 dias escolares sem ter o salário descontado. E mais: “Como os professores se aposentam com salários integrais após 25 anos para mulheres e 30 para homens, até a metade dos orçamentos da escola vai para as aposentadorias”. 

Reafirmo que não estou dizendo que a culpa das mazelas do ensino brasileiro é dos professores, eles são apenas mais uma parte da enferrujada engrenagem do nosso podre sistema público de ensino. Mas não pense que o ensino particular é tão melhor, a revista afirma que, "mesmo escolas privadas e pagas são medíocres. Seus pupilos vêm das casas mais ricas, mas eles se tornam jovens de 15 anos que não se saem melhor que um adolescente médio da OCDE".

Alguns avanços vem acontecendo, segundo a Economist: "de um ponto de partida em que não havia nenhuma informação sobre o aprendizado do estudante, as duas (últimas) presidências construíram um dos sistemas de medição de resultados educacionais mais impressionantes do mundo". Pelo visto eles não ouviram falar da tão bem elaborada aplicação do ENEM nos últimos dois anos.

Por fim a revista diz que se o Brasil continuar no mesmo ritmo não vai conseguir bater a meta estabelecida de alcançar a média da OCDE na próxima década, mas se alcançar "será porque conseguiu espalhar essas práticas inovadoras por todos os cantos". É esperar e fazer pra ver.

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